Durma, meu menino,
apesar do augúrios
que anunciam espíritos ancestrais;
Dos penedos
que se empoleiram assanhados
sobre o abismo da vida;
E das pedras
que se soltam em espasmos sísmicos.
Esqueça o torvelinho
ascendente do vale
velando vis profecias.
Esqueça as árvores
reclamantes dos céus
com ressequidos ramos,
lançando ao alto mãos centopéicas,
- sarças ardentes ao avesso.
E não se incomode
com as gotas geladas
que escorrem da neve,
Nem com o ar de cristal
que raspa a garganta
Não tema
a névoa movediça
que submerge montanhas e vales
muito menos o gelo partido
que engole os pés
Simplesmente durma,
aquecido, talvez,
pelo reflexo da chama fria
que tinge os cumes –
Laranja anciã
de um sol deposto
Acima de tudo, durma
embalado pelo silêncio
oblongo que se encrava nas montanhas.
Mas se o sono acolhedor não vier,
deixe ao menos,
que a última prancha infantil
lhe escorregue no gelo que restou:
O fio da navalha de medos rubros.
Amei seus poemas! Imagens fortes e ásperas.