Entre a pele e a escama
O liquido viscoso esc orre
esperando o meu toque
Ser serpente na vida!
Aproximar-se do vil,
Do odiado até mesmo no óvulo, (no óbvio)
Ser sente a flor da pele
Que mistura em si pecado e remissão,
Enroscando-se nas traves do desejo,
Ser sente o pôr da morte,
Que mistura em si o veneno e seu antídoto,
Entravando-se nas auroras da vida
Os astros que os sábios leram,
Determinaram a ela e a mim,
Não a pele macia,
Mas a queratina baça e fria
Não a fênix renascida,
Na alegria de cinzas abandonadas;
Mas a serpente,
Na dor de um parto sempre renovado:
Espremer-se na couraça de escamas em que não se cabe,
Abandonar a textura inútil e vivida,
Trazendo no novo corpo
As marcas da superfície antiga.
Levantar-se espreitando ameaçadoramente,
Para esquecer-se do corpo que se arrasta.
O liquido indiferente aguarda a minha surda reticência,
Não é tato de asas de dragão,
Sequer tatuado no braço,
É o trato do nojo
Marcado com aço...
Mesmo negando o toque,
Lanço ao ar a minha língua,
Que percebo bífida
Na escama deixada no chão, reconheço
Um pegajoso e difícilrecomeço.
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