top of page
Foto do escritorFernando Andrade

Roteiro de Viagem (18 de janeiro a 04 de março de 2020)

Atualizado: 1 de mai. de 2020

Diário da viagem que fiz ao Equador e à Colômbia


Minhas férias começavam na terça, nem sei porquê, não emendava com a segunda. Na terça, fiz alguns preparativos, quarta iria viajar. Não consegui pensar em muita coisa nem me planejar, estava indo meio às cegas e com mil dólares no bolso.

18/02. Peguei o avião por volta das 12h. A viagem eram um pouco longa e tinha que contar com o fuso horário de 2 horas a menos. Cheguei por volta das 21h em Quito. Sem saber onde iria dormir. Peguei um taxi (contra minha vontade) que me levou a um hostel bem legal.

Chegando lá, o primeiro frio na barriga. O cartão não passou. Só tinha um cartão de crédito e os dólares que pelas minhas contas não dariam conta. Esfriei. Tentei telefonar para o Banco. Impossível telefonar do Equador para o Brasil. Quando já estava enlouquecendo, um outro atendente resolveu passar o cartão e deu tudo certa. Caraio, que susto.

1902. Fiz reconhecimento da cidade, andei pelo centro, procurei saber onde haveria uma bike para alugar.

20/02. Acordei tarde, dei uma volta. Consegui alugar a bike. À tarde andei em duas rodas. Tesão. Fiz a programação para os outros dias: subir o vulcão Tocopaxi, no outro dia na laguna Quilotoa e, no domingo, alugar uma moto e andar pelos arredores de Quito. Deu nada certo, ou quase nada.

21/02. O passeio para o vulcão foi cancelado. Iria no sábado, domingo iria na laguna e não iria andar de moto. Sem ter o que fazer, resolvi andar pelos arredores da cidade. Resultado: tomei chuva, levei 5 mordidas de 8 cachorros de rua que me atacaram e passei o resto do dia numa espécie de SUS de Quito.

22/02. O tempo mudou. Ficou chuvoso. Quase cancelei o passeio, pois estava machucado das mordidas. Fui mesmo assim. Subi numa altitude de uns 4.000m. Caramba, estava em razoável forma, apesar da mordida, da chuva, do frio etc . Descemos uma parte de bike.

23.02. Fiz passeio para o lago. Frio, chuva, mordidas, furou o pneu do ônibus, mas valeu. Andei de caiaque no meio do lago que na verdade é a boca de um vulcão. Estava meio apreensivo, mas uma egípcia que morava nos EUA e estava na mesma excursão estava decidida navegar naquelas plagas. Animado, eu disse, por que não? Alugamos um caiaque duplo. Bem no meio do lago, caiu aquele toró, quem se importou? A paisagem era de tirar o fôlego.

24.02– Viagem para Cali. Acordei umas 9 h da segunda. Não estava muito contente em Quito. As mordidas dos cachorros e o tempo sempre fechado estavam me deixando melancólico. Arrumei a bagagem e frui para o Terminal de Quito. No Equador, não se compra passagem com antecedência. Tive que ir sem saber se ia rolar a viagem. Comprei a passagem para Tulcán. Viagem bonita, mas estranha. Em alguns lugarejos era carnaval. De Tulcán, peguei uma van até a fronteira. Na aduana, um cara me levou 5 dólares para dar instruções de como fazer para chegar a Las Lajas e depois Ipiales onde pegaria o ônibus para Cali. Descobri, mais tarde que as instruções eram desnecessárias. Peguei um táxi e fui até a Igreja de Las Lajas, deslumbrante. Ela fica em um Canyon. O duro foi ter que ficar andando por lá, com mochilão nas costas, dor nos pés e as marcas inflamadas da mordidas caninas. Peguei outro taxi para o terminal da cidade Ipiales e comprei a passagem para Cali. Fiz essa viagem durante a noite. No caminho, não sei como, roubaram meu fone de ouvido.

25.02 – Em Cali, no terminal, tomei banho, comprei uma calça para repor aquela que os cachorros rasgaram e duas camisas, pois já estava ficando sem roupa. Percebi que não ia rolar ir de Cali para Cartagena via terrestre. Muito longe e os ônibus vão muito devagar. Tentei comprar uma passagem de avião pela internet, não deu certo. Tive que comprar no aeroporto e pagar uma fortuna. Estava indo para Cartagena. Cheguei em Cartagena à noite, fiquei num hostel ruim. Cartagena é uma festa, gente de todo lugar do mundo. A vontade era de virar a noite. Mas era uma terça e lá pelas 2h da manhã as pessoas foram rareando na rua, fora que eu estava só o pó da rabiola, melhor ir dormir.

26.02 – Acordei cedo, fui ver se conseguiria trocar de hotel, achei um que só ficaria desocupado no dia seguinte. Então comprei um pacote para Isla tranquila. Pelas fotos, deveria ser o paraíso. Ia dormir num chalé simples lá e voltaria no outro dia. Meio-dia estava a caminho do tal lugar. Sol, céu azul e boa vibe. Realmente, era uma verdadeira praia caribenha. A areia branca, a água límpida, sol etc e muita gente para todos os lados. Fiquei numa espécie de cabana bem simples em cima de um pequeno restaurante. Da minha janela, eu dava de cara com o mar. Sensação maravilhosa. Mas nem tudo foi flores, ah sim, as feridas dos cachorros continuavam lá e meus pés ainda doíam. Mas os espinhos eu senti depois do jantar. Fiquei lendo um pouco na cama e acabei cochilando. Quando acordei, lá pelas 3h das madrugada, não achei meu celular. Fiquei muito puto, chateado etc. Alguém provavelmente entrara no meu quarto e furtara o celular. Dormi.

27.02 – Dia seguinte foi de realizar e engolir as perdas. Durantes umas 2 horas fiquei me aporrinhando, afinal, eu deixara a porta do quarto aberta. Depois, desencanei e aproveitei bastante aquela praia, afinal, era o último dia lá. Aos poucos fui sentindo uma vantagem de não ter o celular, me desliguei completamente do meu trabalho e das minhas preocupações com o que rolava no Brasil. Cheguei no hotel legal de Cartagena por volta das 21 h. Dei aquele rolê nas ruas ali do centro e depois fui dormir.

28.02- Gastei a manhã indo atrás de um novo celular (sim agora o meu celular é colombiano) e de uma bike. Aluguei uma danada. Poderia, enfim, passear por Cartagena do jeito que eu gosto. Ficaria com ela durante 24 h. À tarde, fui conhecer as praias da cidade. Não são grande coisa, nem lembravam o modelito caribenho de Isla tranquila, mas davam pro gasto. Procurei uma praia mais sossegada travei a bike fiquei de sunga e lagarteei até umas 5 horas da tarde. À noite, fui ao Café Havana. O primeiro grupo, foi "du caramba"; o segundo era fraquinho, hora de ir pra cama.

29.02 - Dia de Bike, compras e praia. Era meu último dia. Então, essa noite seria a das baladas. Tinha ficado numa rua bastante movimentada, mas nada se comparava com o movimento noturno da parte murada da cidade, principalmente no sábado. Fui em uma balada, fiquei algumas horas, mas o ritmo caribenho me cansou um pouco. Saí de lá e fui para outra que tocava eletrônica e pop. Terminei a noite chacoalhando o esqueleto, meio desengonçado, mas ali, longe de casa, nem ligava se reparassem.

01.03 – Saí do hotel, peguei um táxi para o terminal de ônibus. Ia encarar uma viagem de 24 h entre Cartagena e Bogotá. A viagem foi uma experiência sociológica à parte. Voltei no tempo, quando os ônibus no Brasil faziam paradas mil para subir e descer passageiros. A parada para o jantar no meio do caminho foi outro retorno ao passado. O restaurante era precário, oferecia o básico, e fui atendido por pessoas que pareciam os proprietários.

02.03 – Cheguei em Bogotá 9 horas da manhã. Tomei um banho no terminal e fiz o meu desjejum. Andei entre a multidão de passeantes tudo acompanhado de uma mochila de uns 15 quilos, que não largava as minhas costas, menos no banho é claro. Depois andei umas quatro quadras até um dos pontos onde poderia pegar um ônibus regular para o aeroporto. Lá peguei o voo para o Panamá. Cheguei às 18 h na cidade do Panamá, ia ficar num hotel tipo luxinho perto do aeroporto. Havia tempo suficiente para conhecer o centro histórico que ficava uns 20 km dali. Fiz o passeio com um desgraçado de um taxista chato que me cobrou 60 dólares para me levar ao centro e ficar me esperando, achei que ele ia cobrar 30...Enfim, achei a cidade um porre. Nada parecido com Cartagena.

03.03. Iria pegar o avião às 14 h. Aproveitei o começo da manhã tomando sol numa piscina irada e bebi uma cerveja no bar que ficava bem no meio da piscina. Quando fui pagar as águas que tinha tomado e a cerveja, me informaram que era cortesia...Caramba se soubesse tinha tomado mais.

04.03. Meia noite e meia, estava chegando em Cumbica. Trazia vários presentes, cinco mordidas de cachorro, um celular colombiano e uma experiência única. Dar os presentes para cada pessoa querida e contar essas histórias foi o gran finale digno daqueles contadores de história que ganham, durante alguns momentos, a importância de quem viveu uma aventura, as cicatrizes dos cachorros não me deixam mentir.

32 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Fluxos (20.02.2020- Quito)

Pois é galera, depois de algum tempo sem escrever, resolvi trilhar alguns caminhos diferentes na América Latina. Fui assim, sem lenço ou...

1 Comment


Matheus Crisóstomo
Matheus Crisóstomo
May 04, 2022

Catárico! Emotivo! Uma óde à alegria! Não contive as lágrimas.


Like
bottom of page